Só não cresce a criminalidade nos números do Estado

Crescem a olhos vistos os números do crime no Brasil e no Rio Grande. Mas, de vez em quando, aparece alguma autoridade com a ousadia de dizer que a criminalidade está baixando. Em vez de comemorarmos isso, o que deveríamos fazer é chorar, porque isso reflete apenas um problema a mais: a falta de confiança do povo na Justiça.

Se temos menos assaltos e arrombamentos, ou seja, pequenos furtos, não é porque a bandidagem está agindo menos. Salvo raríssimas exceções, o caso é que a maioria está tão descrente da Justiça que nem procura mais a Polícia para registrar ocorrência. O que mais a gente ouve por aí quando alguém é vítima de furto de aparelhos de CD em carro ou outro pequeno delito é: “porque registrar ocorrência se não vai dar em nada mesmo?”

Em outros casos, as pessoas são lesadas por crime ou golpe maior, mas não registram ocorrência com medo ou pelo incômodo. Foi por isso que comerciantes de Dois Irmãos, há alguns dias, não foram à DP reconhecer três supostas ladras de roupas em lojas. Disse-nos um comerciante: ir lá reconhecer pra amanhã ela estarem na rua e virem aqui me intimidar?

Não, senhores! A criminalidade não está baixando! Ao contrário, está aumentando, mas o povo é que não tem confiança na Justiça. A culpa não é da Polícia, que na maioria das vezes faz sua parte, mas das nossas Leis e da Justiça. Em alguns casos, a Polícia prende hoje e a Justiça larga amanhã, como foi no caso da perseguição e prisão ocorrida no Travessão no mês passado.

No entanto, deve ficar claro para a comunidade que não podemos colaborar com o fato de falsos números acabar iludindo nossas autoridades. Sempre que a gente for vítima de alguma ocorrência policial, vamos registrar ocorrência, sim, com um sem burocracia e, mesmo que não se recupere o que nos foi furtado, pelo menos não vamos deixar a criminalidade baixar “só nos números”.

À propósito: por que antes de fazer uma obras, os projetos dos prédios ou praças não são postos em exposição para coletar opiniões da comunidade? Melhor ouvir sugestões antes do que reclamações depois da obra pronta. O máximo que pode acontecer é ninguém querer opinar, mas daí, o Executivo “está lavando as mãos” e ninguém pode reclamar, afinal, seria como casamento, “ou fale agora ou cale-se para sempre”...

A Saúde e Educação são o calcanhar de Aquiles de qualquer governo. Devido a estas duas pastas, um prefeito pode ganhar ou perder uma eleição. Mas as outras secretarias também tem sua importância e, por isso, tem seu orçamento, embora com valores menores para se manter ou investir. Mas nada que se compare aos 8% líquidos de toda a arrecadação que uma Câmara de Vereadores tem direito.

Ontem foi comentado neste espaço sobre o fato da Câmara de Vereadores poder torrar 8% do orçamento, enquanto uma área vital como Saúde, por exemplo, gasta apenas o dobro disso, ou seja, cerca de 15%. Além do mais, Câmara não arrecada nada e apenas autoriza ou não os gastos e investimentos do Executivo.

Em relação a isso, conversando com leitores – ou contribuintes – um deles fez um comentário bastante interessante. Segundo ele, isso é o mesmo que o filho trabalhar e ganhar R$ 1 mil por mês e ter que dar “de mão beijada” R$ 100,00 para o pai, que não trabalha. “O pai não faz nada, ganha R$ 100,00 e ainda decide onde o filho pode gastar os outros R$ 900,00”, comentou o leitor. Ele prefere que o nome não seja identificado, pois é parente de um vereador e diz que se “saísse o nome, ‘ia’ ficar chato pra família”. Pode parecer estranho, mas é assim que as coisas funcionam.

A pergunta que não quer calar: será que 1% do orçamento não estava de bom tamanho para o Poder Legislativo, que não arrecada nada!?

A pergunta que não quer calar: você é a favor de colocar o Exército para fazer a segurança nas ruas?

A mensagem positiva do dia, que também está no blog mauridandel.blogspot.com: "Apesar de tanta luta, guerra e confusão; com certeza absoluta, melhores dias virão!"
(terça, 31/07/07)