O Rio Grande paga uma das tarifas de água mais caras do Brasil

As tarifas de 14 das 26 companhias estaduais de saneamento e distribuição de água subiram mais que a inflação de 2004 a 2006, ou seja, algo em torno de 32,4%, enquanto a inflação apurada pelo IPCA no período foi de 17%.

Volte ao tópico acima e releia novamente a frase. Releu? Então volte lá, releia - de novo – e decore ela, se for o caso, para apontar onde estão os três erros desta frase. A gente pede para reler porque existem três grandes barbaridades numa frase como esta, mas apesar de tudo, o brasileiro está tão acostumado que nem dá mais bola para isso.

O primeiro erro é que as tarifas subiram mais do que a inflação. Aí vêm os políticos dando discurso bonito na TV e dizendo que a inflação está controlada. Só se o Brasil têm “duas inflações”! Na hora de corrigir o salário mínimo e dar aumento para o funcionalismo público, usa-se o índice da inflação. Mas na hora de reajustar impostos e tarifas de empresas dos governos – leia-se, (mal) administradas por políticos – aí o furo é mais embaixo e a inflação não é levada em conta.

O outro grande erro é que este aumento não resultou em recuperação financeira para as empresas. Conforme informou o jornal Valor Econômico, a justificativa do reajuste era de que estas empresas dos governos iriam pagar dívidas, mas isso não ajudou em nada. Mais uma prova que a balela política enrola o povo, tira mais dinheiro nosso, mas não resolve nada!

O terceiro e grande erro daquela frase é que o brasileiro ganha cada vez menos e paga cada vez mais impostos. Isso está errado, porque o governo é eleito para servir ao povo. Mas, apesar de tudo, o brasileiro fica de braços cruzados, não faz nada e ainda vota nesta gente. Aliás, sempre ouvimos a frase que os políticos são os representantes do povo e esta frase é muito certa. Os políticos são eleitos e “não fazem nada” e o povo, sempre leva a pior, mas também “não faz nada”. Povo e político são palavras que começam com “p”, não fazem nada e, por isso, se merecem!

A frase acima ainda tem mais um grande erro para nós que moramos no Rio Grande. Além dos erros já citados (reajuste de tarifas maior que inflação, salário tem reajuste menor que tarifas das contas, dinheiro arrecadado a mais não é usado para a finalidade apregoada), os gaúchos têm mais um motivo para ficar indignado: paga mais do que quase todo mundo.

Para você ter uma idéia do tamanho da mordida destas tarifas em nosso bolso, a empresa que é como se fosse a Corsan lá do Acre tem a tarifa média de R$ 0,89/m3 de água, a mais baixa do Brasil. Enquanto isso, a nossa gloriosa Corsan cobra a tarifa mais alta do País, cujo preço médio é de R$ 2,54/m3. Talvez, o preço se justifica, afinal, o serviço prestado aqui pode ser melhor, mas porque tanta diferença de preço!
(segunda, 30/06/08)