A violência chegando nas cidades menores

Foi-se o tempo que Dois Irmãos, Ivoti, Picada Café e outros municípios eram cidadezinhas do interior. Se o petróleo é o ouro negro e a soja é o ouro verde; o calçado vem trazendo muito dinheiro para nossas cidades. E os carros novos, o bom nível de vida, nossas alegres festas, cidades sem misérias também chamam a atenção de bandidos e malandros”.

Este trecho foi extraído de uma coluna publicada neste espaço em outubro de 2004. As coisas mudaram um pouco de lá para cá, mas a violência só aumentou. E nossos municípios, se formos ver, cada vez mais estão a mercê da bandidagem. Dois Irmãos e outras cidades alemãs eram o “pátio da região metropolitana”. E se Novo Hamburgo e outras cidades são violentas, as nossas pequenas cidades “ainda não eram”, mas isso não demoraria a acontecer.

Sinto em dizer isso, mas só o Poder Público (não culpo só políticos daqui) ainda não viram isso. Dois Irmãos saltou de 15 mil habitantes para quase 30 mil em cerca de cinco anos. O mesmo aconteceu com Ivoti, Nova Petrópolis, Estância e outras cidades menores. Mas continua com o mesmo número de brigadianos e com cada vez menos policiais civis e, provavelmente, a mesma quantidade de viaturas.

Mas a comunidade sabe que a violência aumentou. Quantas zeladorias e empresas de segurança existiam em 2000 e quantas existem hoje? Quem tinha alarme em sua casa ou mesmo uma cerca ou muro? Quantos tinham alarme ou seguro em seus veículos ou casas há cinco anos? Com certeza, ao responder estas perguntas, vamos nos dar conta que a sociedade sabe que a violência já está ‘batendo a porta”, mas sem avisar, para arrombar e assaltar...

A propósito: a questão de segurança está há muito tempo sendo discutida. Só discutida, porque nada está sendo feito, por enquanto...

Já que a crise no setor calçadista está aí, que tal pensar, finalmente em uma alternativa para gerar emprego e renda? Nos tempos áureos do calçado, mesmo que as Prefeituras quisessem incentivar outros setores, não adiantava, pois a maioria acabava preferindo trabalhar no setor calçadista, pelo enorme retorno imediato.

A pergunta que não quer calar: por que não criar um selo de qualidade, implantar feiras do produtor, realizar feiras de calçados e outros setores, como o moveleiro por exemplo, à beira da BR-116 para aproveitar o fluxo de turistas?

Para encerrar com uma mensagem positiva, uma frase simples e com enorme significado: “Ninguém começa a atravessar o rio, sem ver a outra margem”.
(segunda, 25/05/2009)