Mesmo assim, a música entrou na novela. Com os versos totalmente diferentes. A canção, chamada "Gospel", cairia no esquecimento, se não fosse uma figura lendária da MPB: o produtor Marco Mazzola, que fez as gravações originais com Raul.
"Tem a minha própria voz, eu faço o vocal com ele. A gente era muito doido no estúdio", lembra o produtor musical.
Mazzola tem uma teoria própria sobre as doideiras de Raul:
"Porque é muito engraçado, né? Porque o Raul era um careta, né? Raul era um cara extremamente careta, formado em psicologia, um cara que falava inglês fluentemente. E conheceu o Paulo Coelho, que na época era um cara que via disco voador, um cara doido... E então o que aconteceu? É que o Raul ficou cada vez mais maluco e o Paulo Coelho, hoje em dia, é um cara careta".
A cada aniversário da morte, a cada data redonda ligada a Raul, Mazzola se lembrava de "Gospel". Mas, com a tecnologia disponível, não havia muito a fazer. Até que...
"Os processos técnicos começaram a evoluir e eu comecei a trabalhar em cima disso, porque era um sonho do Raul que a música fosse daquele jeito um dia pra rua", diz Mazzola.
Os 20 anos da morte de Raul se aproximavam, Mazzola começou a preparar um kit comemorativo, e o projeto "Gospel" foi tomando forma.
“Transformei a voz e o violão dele em 20 canais pra poder pegar pedaços, tirar pedaços", diz Mazzola.
Mas o tratamento técnico da gravação é só o início de um longo trabalho, porque a voz do Raul Seixas vem dos anos 70. Mas como dar nova vida a esta canção? Uma canção chamada Gospel é claro que tem que ter um coro. Olha só como é que fica. Faltava um arranjo bacana. E Mazzola chamou Roberto Frejat, do Barão Vermelho.
"E eu sou fanzaço do Raul. Sempre gostei muito, desde garoto", diz Frejat.
Frejat convocou um monte de amigos, e o resultado...
"Ficou com uma sonoridade moderna no sentido de que ela está registrada com uma qualidade de gravação de hoje, mas com uma sonoridade que faz jus à estética do Raul", comenta Frejat.
Uma estética irreverente...
“Naquele momento ninguém falava as coisas, só Raul que falava”, afirma o cineasta Walter Carvalho.
Walter Carvalho mergulhou na vida de Raul para filmar o documentário "O início, o fim e o meio", ainda em produção.
A busca por histórias levou o cineasta aos Estados Unidos, país que Raul adorava e onde hoje vivem três de suas ex-mulheres. Filha e neto não falam português. Há quem ache o netinho de Raul, hoje com 13 anos, parecido com o avô.
“Uma das dificuldades de fazer este documentário do Raul é encontrar material do Raul. Quem tiver material em casa, puder procurar a produção. Pode ser foto ou filme.
Você tem alguma pista pro documentário? Entre em contato com a produção do documentário de Walter Carvalho, “O início, o fim e o meio”.
A.F Cinema e Video
Contato: Marina Anauate
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