SINO PROIBIDO – HISTÓRIA RASGADA – PARTE 2
Grande parte da população está querendo que o sino da ”Igreja do Relógio” volte a tocar para marcar as horas à noite
Dois Irmãos – Mesmo que o toque do sino tenha parado à noite, a decisão ainda repercute pela cidade. Faz mais de duas semanas que a igreja evangélica, também conhecida como a “Igreja do Relógio”, teve o sino do relógio desligado, para satisfação de alguns moradores e descontentamento de grande parte da população.
Desde que foi divulgada a matéria sobre o pedido de alguns moradores para que o toque do sino fosse proibido à noite, muitas pessoas se manifestaram para que o toque do sino fosse retomado. Muitos comerciantes, que tem seus comércios próximos ao local, disseram não ter nenhum problema com o sino e a grande maioria pede que ele volte a tocar, pois isso não seria somente uma questão religiosa, como também cultural, já que a cidade é conhecida pelo toque dos sinos das igrejas.
A maioria das pessoas que entraram em contato pelo telefone pedindo que o toque do sino seja retomado pela noite são moradores que moram próximos ao local e dizem que nunca se sentiram incomodados com o fato. O pastor Rafael Wilske, da Comunidade Luterana, que também tem um sino na sua igreja, é o presidente do Conselho Municipal Antidrogas e também se manifestou sobre o caso, mas como morador. Ele disse que a poluição sonora, especialmente noturna, é um dos principais pontos de trabalho do conselho, mas mesmo assim ele é contra a medida tomada, entendendo o valor histórico da marcação das horas no período da noite.
Enquanto que uma nova medida não for tomada, o tema seguirá gerando insatisfações em muitos. As pessoas que querem dar sua opinião sobre esta decisão podem ligar para 3564-4922 e deixar sua opinião, mediante a identificação.
O primeiro sino da igreja foi trocado em 2005 por apresentar rachaduras
CONTRA A DECISÃO
Depois da matéria publicada na terça, muitos moradores que moram próximo à igreja evangélica, entraram em contato com o jornal e deram sua opinião sobre a medida que proíbe o sino de marcar as horas à noite.
“As pessoas que estão contra o sino com certeza são pessoas que chegaram aqui depois. Quem se incomoda com o toque do sino pela noite deveria retirar-se deste local. Têm muita gente que lutou para que a igreja e a cidade tivessem este relógio que marcasse as horas. Tem outras coisas que incomodam mais que isto e nestes casos ninguém toma nenhuma providência”, Aloysio Fröhlich, comerciante.
“Para mim o sino pode seguir tocando pela noite como sempre. Faz tempo que moro aqui e nunca me incomodei com ele, ao contrário, achava isso uma coisa bonita, inclusive para o município. Antes de tirar o sino poderiam tirar outros ruídos que atrapalham mais durante a noite”, Aloysio Zimmermann
“Sou completamente contra esta história de proibir o sino de marcar as horas de noite. Faz cinco anos que moro perto dele e acho uma coisa linda. Com certeza era um orgulho para a nossa cidade”, Marli Terezinha Blume, costureira.
“Faz 24 anos que moro encostado ao cemitério e não me sentia incomodado com o toque do sino durante a noite. Eu me criei na colônia, mas estes que não querem que o sino do relógio toque são uns verdadeiros bichos do mato. Prefiro que ele siga batendo, pois a cidade perde muito com isto” Arno Assmann, aposentado.
“Eu sou natural desta cidade e realmente esta decisão me deixou indignada. Tiraram algo de nós, de nossa história. Seria como proibir os festejos do Kerb ou coisa parecida. Fiquei sabendo desta decisão por outras pessoas, por isso não sei os motivos e nem os compreendo. Faz 10 anos que moro perto da igreja e nunca tive nenhum problema com o toque do sino. Isso não é somente uma questão religiosa, mas é algo que envolve todo o município”, Maristela Schneider, dona-de-casa.
“Eu sou contra esta decisão e acho que deveriam se preocupar mais com outras coisas do que proibir um relógio de tocar pela noite. Muitas vezes há mais barulho nas ruas e ninguém faz nada. O toque do sino nunca me incomodou”, Luciane Petzinger, comerciante.
“O que fizeram foi uma indecência. O toque do sino é uma coisa histórica e é pena que tenham proibido que ele toque pela noite. Pelo que sei, foi a juíza quem tomou esta decisão, mas com certeza outras pessoas, que não querem aparecer agora, estão escondidos por traz disso. Pessoas que defenderam tanto o turismo podem ter feito isto. É uma pena!”, Roque Fröhlich, padeiro.
“Há 45 anos que escutava o sino e estou sentindo falta agora que proibiram que ele marcasse as horas pela noite. Nunca me incomodou e também nunca havia escutado reclamações no prédio onde moro ao lado da igreja. Isso fazia parte da nossa história e eu quero que ele volte a tocar à noite”, Rosete Koch, comerciante.
Carta do Pastor
Proibição do sino Igreja Evangélica
É com profundo tremor e temor que manifesto minha opinião publicamente sobre o assunto “ruído”. A preocupação por parte da juíza Ângela Paps em relação ao ruído causado pelo sino da Igreja Evangélica de Confissão Luterana São Miguel revela, no mínimo, uma atitude de infeliz incoerência em relação no que se diz respeito ao assunto “ruído” ou barulho na cidade de Dois Irmãos e, por ironia do destino, na Av. São Miguel. A mesma avenida, que é palco de rachas, de som automotivo excessivo desde aos arredores da igreja luterana até a altura do hospital. O assunto “barulho” tem sido levantado desde as reuniões dos festejos do Cinquentenário do município de Dois Irmãos, e sendo pauta por diversas vezes na reunião do COMAD. As atas estão à disposição para quem quiser ver! Mas quão perplexo fiquei ao perceber que nestes quase dois anos de discussão, o barulho de som na madrugada, e em frente ao hospital continuam, mas o ruído da torre da igreja ganhou um destaque porque está a tirar o sono de um seleto grupo de pessoas que conseguem dormir com o barulho de irresponsáveis motoristas, que na madrugada se acham os donos das ruas. Talvez este seleto grupo de pessoas que não consegue dormir com o ruído do relógio, nunca precisou passar algumas noites de reabilitação de saúde no hospital São José (ou SOM José, como queiram) pois lá, reúnem-se automóveis com alto poder de som, não respeitando a placa que indica a lei que proíbe ruído próximo ao hospital. Esta atitude de chamar a atenção quanto ao barulho do relógio é no mínimo um desrespeito para com os que doam seu tempo para investir no Conselho Antidrogas e se preocupam com o bem-estar social, enquanto o exclusivo grupo de moradores próximo ao relógio consegue ter ouvidos apenas para o “ruído” do mesmo. Jesus certa vez falou que existem pessoas que coam mosquitinhos, mas engolem camelos! Talvez esse seja o caso, pois o mosquitinho do relógio está sendo coado, mas os camelos em frente ao hospital e alta madrugada continuam a ser engolidos e até muito bem saboreados!
Publique-se minha opinião particular (não é em nome da Igreja Luterana nem pelo COMAD), pois dentro de um Estado democrático de direito, posso tentar coar camelos, quando outros os degustam incoerentemente!
Não sou contra quem usa seu som para diversão e descontração. Mas acho que há lugares e horários para tal, pois a tradição de 70 anos do relógio até pode custar o “sono de alguns”, mas a diversão de irresponsáveis não pode custar o sossego de muitos, muito menos custar a lei do silêncio ao redor de área hospitalar. O que tem custado mais neste caso?
Rafael Wilske